terça-feira, 8 de novembro de 2011

Auto-avaliação Institucional: princípios e metodologia do grupo focal

QUADRO RESUMO: SUANNO, Marilza Vanessa Rosa. Auto‐Avaliação Institucional: Princípios e Metodologia do Grupo Focal. Curso de Avaliação Institucional, Carta Consulta, Goiânia, 2002.

A razão de ser da Universidade encontra‐se na prestação de serviços de qualidade à sociedade, buscando sempre a excelência na produção, sistematização e democratização do saber. Neste sentido, a avaliação Institucional é um processo interno, configurado com padrões próprios da instituição, e por isso, não tem caráter público e nem o propósito de comparação com outras instituições. Deve conduzir ao aperfeiçoamento constante dos empreendimentos humanos, além de produzir desenvolvimento científico e de juízo de valor. Têm como objetivos fundamentais a Auto‐Referência, a Auto‐Análise e a Auto‐Desenvolvimento e levar em consideração os indicadores internos e externos. Podem ser utilizados diferentes instrumentos para coleta e análise dos dados e informações internos e externos, no entanto, neste texto, procura-se enfatizar a Metodologia do Grupo Focal. Esta técnica possibilita identificar, analisar e entender a realidade institucional construídos de forma participativa e valorizando a análise histórica de outros momentos avaliativos vividos na instituição. Assegura e privilegia o discurso e as percepções dos atores sociais da realidade estudada, ou seja, seu olhar interno. Além disso, considera a instituição como um todo, atendendo ao princípio da globalidade e integração de forma associada, permitindo uma visão geral e abrangente da instituição. A participação efetiva da comunidade institucional é fundamental no processo, e por ser participativa, dinâmica, ativa, de adesão voluntária e não punitiva faz com que ela se torne atraente, convidativa, motivando os atores sociais a participar. Entre outras características pode-se ressaltar a ênfase qualitativa com caráter pedagógico, que forma valores e promove mudança da cultura avaliativa, potencializando o desenvolvimento humano e institucional. No entanto, é necessário potencializar e desenvolver as pessoas da instituição e, conseqüentemente a própria instituição. Uma instituição que se proponha viver um processo de Auto‐Avaliação Institucional precisará planejar as etapas deste processo a fim de alcançar sucesso, sendo estas: preparação; elaboração do projeto; de organização do processo; de condução do processo; resultados e informes; validação; plano de ações e tomada de decisões em uma lógica permanente. Entre os principais problemas no processo estão: à falta de capacitação, de preparação adequada da equipe avaliadora; à centralidade do processo na formulação de um diagnóstico que não se reverte em implementação de mudanças e desenvolvimento institucional; à crença de que os questionários são um instrumento que assegura a participação, o que não tem sido demonstrado em seus resultados; resultados sem continuidade, sem validação de pares externos. Por fim, por ser uma dinâmica flexível, permite adaptações ao longo do processo, o que legitima a técnica. Os princípios da negociação e cooperação devem ser relevados, e ainda para instrumentalizar o processo considerar as seguintes questões: globalidade; continuidade; adesão voluntária; legitimidade; credibilidade; dentre outros.

FORMAÇÃO OU DEFORMAÇÃO DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO: UM OLHAR SOBRE A UFTM


Comunicação Oral apresentada no 1º Seminário de Ética na Formação do Professor - UFTM - 2011

Zago, J. O. L.(1); Souza, L. M.(2)
(1)Pedagoga – UFTM; Graduanda em Administração Pública – UFOP
jacqueline.nude@proens.uftm.edu.br
(2)Técnica em Assuntos Educacionais – UFTM; Doutoranda em Educação – UFU
luciene.nude@proens.uftm.edu.br

Palavras Chaves: Políticas Públicas – Ensino Superior – Trabalho Docente

As políticas públicas educacionais no campo do ensino superior nos últimos anos apresentam desafios a serem investigados. Diante disso, nos propomos a compreender as especificidades da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) no contexto das universidades públicas federais. O estudo teve como objetivo central analisar as atuais propostas de políticas públicas para a educação superior bem como propor uma investigação dos reflexos do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – Reuni na UFTM antes e depois da implantação do Programa. Neste cenário, extremamente contraditório de expansão do acesso ao ensino superior problematizamos a formação dos professores na UFTM e indagamos: quem é o nosso Professor Universitário? Qual espaço encontra para exercer o seu ofício? Como se relaciona com seus pares, demais profissionais e alunos? Está produzindo ou reproduzindo discursos, conhecimentos ou aplicações? Crescendo intelectualmente ou padecendo diante de tantos editais, eventos, reuniões e produções científicas? A metodologia adotada foi a pesquisa documental que envolveu análise tanto de documentos oficiais do Ministério da Educação quanto documentos da instituição pesquisada. Com a investigação em andamento, as primeiras análises demonstraram que embora não se possa negar que o programa tenha de fato expandido o acesso dos alunos ao ensino superior público, a expansão de vagas tanto para docentes como de pessoal de apoio técnico-administrativo não ocorreu na mesma proporção, o que nos leva a inferir que isso contribuiu para uma maior intensificação do trabalho, sobretudo do docente, deformando-o frente às demandas do produtivismo acadêmico em controvérsia à supervalorização da dimensão do ensino.

domingo, 17 de outubro de 2010

Porque voto na Dilma-Temer.


Nasci em 1975, pai motorista, mãe do lar, num pequeno bairro no subúrbio de minha cidade. Enquanto pude, estudei numa escola pública no mesmo bairro com grande incentivo dos meus pais que nunca deixaram faltar material escolar e livros didáticos. Lembro-me que era uma das poucas alunas sem distorção idade/série e que usava o uniforme. Aliás, posso contar nos dedos de uma só mão aqueles colegas que conseguiram chegar ao ensino superior.

Já na 8ª série, com 13 anos, precisei estudar à noite, pois minha mãe conseguiu o meu primeiro emprego de meio período como pacoteira em um grande supermercado. Estávamos em 1988.

Em 1990 meu pai foi transferido e tivemos que ir todos para Beagá. Escola pública por lá já não era tão fácil e fiz provas para ingresso em diversos locais. Consegui entrar no Instituto de Educação de Minas Gerais para o curso Normal, muito a contragosto, pois meu sonho era ser contadora para passar no concurso da Caixa e ser feliz. Voltamos para minha cidade e trabalhando em lojas como balconista, terminei tanto o Normal, como o Técnico de Contabilidade. Ambos em escolas públicas mantidas pela prefeitura. Excelentes por sinal.

Esperei por um concurso público por muito tempo. Ele não veio. Veio um concurso de professor para a séries iniciais na prefeitura. O concurso para a caixa ficou na saudade. Assumi meu compromisso com a educação no mesmo ano que o Brasil criou o Plano Real. Meu primeiro salário veio em URVs (Muitos nem sabem o que é isso).

Em 1995 a Prefeitura abraçou um projeto em parceria com a UFU e então ofereceu três cursos superiores de formação de professores. Comecei a fazer Pedagogia. Nem bem terminávamos o primeiro ano, onde nos debruçávamos a entender as propostas de lei de diretrizes e bases para a educação nacional, substitutivo Cid Saboya e Darcy Ribeiro, quando a prefeitura nos informa que custear o ensino superior estava além de suas capacidades e assim, decidiram dividir os custos com os alunos. O projeto Darcy Ribeiro havia sido promulgado de acordo com o Plano de Reforma e Administração do Estado, onde os direitos sociais passaram a ser serviços minimamente prestados pelo Estado. Este Estado agora tinha um novo papel perante a sociedade, bem definido na oferta da coisa pública.

As escolas técnicas mantidas pela prefeitura foram fechadas. Agora só poderiam atuar na Educação Infantil e primeiras séries do Ensino Fundamental. Aos estados, a obrigação do Ensino Fundamental e Ensino Médio, completando o ciclo da Educação Básica generalista.

Foi neste período que a arena política me despertou o interesse e ao lado de Lauro Guimarães, Adelmo Leão(ambos do PT) e mesmo Anderson Adauto (PMDB, pasmem!), garantimos que os alunos não sofressem o custo do processo da FEU. Todos os alunos, da primeira e segunda turma da FEU, concluíram seus estudos sem pagamento de nenhuma taxa, mesmo com toda a pressão da máquina administrativa suspendendo salários de professores, debates intermináveis e claro, muito desgaste de todos os envolvidos. A UFU retirou-se da parceria. Novas parcerias foram feitas de modo a dividir os custos com os alunos.

Foi entre 1994 e 2003 que vi todo o tipo de programa a fim de “melhorar” a educação e universalizar o acesso. Tivemos a Escola Cidadã na prefeitura com os ciclos de formação, que pregavam a flexibilização dos tempos e espaços de modo que suspendia a reprovação principalmente no 1º ano considerado um gargalo de custos. Os alunos agora tinham mais tempo para aprender a ler e a cartilha foi praticamente extinta das escolas em nome de um novo modo de aprender e ensinar: o construtivismo.

Pensaram em tudo, menos na valorização do magistério que teve nestes anos o maior achatamento salarial de todos os tempos em todos os níveis e modalidades.As condições de trabalho também não foi das melhores, obrigando a classe à inúmeras "reciclagens" de modo a engulir o novo processo.

No âmbito do estado tivemos a Escola Sagarana, depois o projeto Escolas Referências, Escola Viva, Comunidade Ativa. Em 2001 comecei a atuar como Supervisora Pedagógica no Estado. Acompanhei de perto o “choque de gestão”. As escolas como protagonistas no processo de gestão, gerenciamento de recursos.

Não quero aqui alimentar críticas em relação aos planos, ou propostas pedagógicas, mas identificar o papel do Estado no uso da coisa pública. Os alunos, saindo do 3º ano do Ensino Médio sem saber o que fazer, pois continuar com os estudos não era possível, e não tinham nenhuma formação profissional.
Enquanto isso o Sistema S crescia, bem como a rede privada de educação superior, custeados claro pelos incentivos estatais.
Tentei continuar os estudos e com muita dificuldade paguei uma especialização. Quanto ao mestrado só em cidades vizinhas, e como trabalhava, fui muitas vezes excluída dos processos seletivos.

Só em 2005 tivemos na cidade a transformação da Faculdade de Medicina em Universidade. De lá para cá, dos 3 cursos, hoje são 24 nas mais diferentes áreas, inclusive formação de professores. Foi nesta transformação que surgiu a oportunidade de me tornar servidora pública federal. Hoje sou Pedagoga na Universidade local. Continuo estudando, agora, Administração Pública pela UFOP e quem sabe enfim entrarei num programa de mestrado.

É só por isso, ou por tudo isso, que meu voto é para o governo que priorize a questão social. Longe de ser perfeito na garantia dos direitos sociais, propõe dentro do que permite os arranjos das agências transnacionais, um projeto onde a educação a ser garantida não é apenas a básica que não forma para coisa alguma, mas a oferta de educação em todos os níveis e modalidades, sobretudo técnico, tecnológico e superior. Por isso não acredito quando acusam o governo atual de apenas “dar o peixe” e manter o clientelismo estatal.
Meu voto é na Dilma, porque a fome, a inflação, o desemprego, não está em pauta nas manchetes do jornal. Porque todos aqueles que li, também apóiam esta proposta, como Frei Betto, Marilena Chauí, Leonardo Boff, entre tantos outros.

Faço uma analogia muito simples com as mudanças que tivemos nos últimos anos: não consigo encontrar trabalhadoras para o serviço doméstico com a mesma facilidade. Arrumar alguém para fazer a unha, é como encontrar ouro. A sopa que fazemos no centro, destinada a moradores de rua, está voltando pela metade. Mas eu não fico triste com isso. Alegro meu coração!

Precisamos melhorar muito mais. Principalmente na gestão da coisa pública, onde muitos a usam como se privada fosse. A crise da ética nos assombra. Não podemos confiar nos princípios da administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Mas estamos caminhando para isso. E nesta busca, estou com Dilma e Temer, para a manutenção do Estado de Direitos.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Desestabilizando Certezas

Os educadores, quando pensam nos objetivos do seu ensino, da sua prática docente, direcionam-na para uma coisa prática. Uma Universidade, por exemplo, educa para determinadas profissões: Forma-se o Engenheiro, o Médico, o Dentista, o Advogado, o Professor, entre outros. Porém, mais importante do que acreditar que se está formando profissionais, é pensar que esse profissional antes de qualquer coisa é um ser humano que foi se construindo a partir das emoções que a sua história criou. O objetivo, entretanto, não é formar um profissional, mas um bom profissional, humano, ético, consciente, inovador seja qual for a sua área de atuação.

O educador não tem verdadeiramente consciência do poder que tem. Minimiza este poder para o universo de sua aula, através dos instrumentos que utiliza para a verificação da aprendizagem. No entanto, a força de que dispõe de transformação de modelos, conceitos e paradigmas é infinito. E claro, desestabilizador de certezas.

Quando um educador se propõe a analisar o seu papel, percebe o quão pode ser livre na sua atuação, e na formação da consciência crítica de seus alunos. Se ao contrário, não se torna co-responsável disso, torna-se manipulador, controlador até mesmo chantageador de um processo que pensa poder "controlar".

O conhecimento, algo nada pronto e portanto em constante transformação, não pode ser tratado como algo definitivo, certo, imutável. Sendo assim, a certeza não pode existir no processo ensino-aprendizagem. É na incerteza da busca que produzimos novas idéias, explorando o desconhecido sem o medo de falhar e tentar outra vez. Nada adianta construirmos novos ambientes de aprendizagem, novas técnicas de ensino, novos recursos didático-pedagógicos, se no nosso inconsciente a maneira de encarar a educação e o papel docente, não mudar. A primeira mudança deve partir do querer agir diferentemente, com mais emoção, com mais pensar.

Não estamos nos atendo a educação apenas amorosa, protecionista e ingênua, mas a educação que acredita no ser humano como agente da própria história, construtor de novos caminhos. Como diz um professor de filosofia, "como sermos pensantes que somos e não passantes (...)" é que podemos gerenciar nosso trabalho para a formação participativa.

Se o educador conseguir sair detrás de seu giz, de sua transparência, do seu recurso multimídia e mostrar o ser humano que é, com uma história recheada de sonhos e frustrações, estaremos sim desestabilizando as certezas do conhecimento, educando para a paz, para a felicidade, para uma melhor qualidade de vida.

Gerar jovens "lógicos", capazes de lidar com números e máquinas é fácil. Difícil é ensinar a lidar com a vida. As máquinas mudam, o conhecimento se aprimora, a tecnologia inova a cada dia. O que se acredita hoje pode não ser o mesmo de amanhã. Ao invés de "dominar" a máquina, que tal dominar a própria vida?

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Desestabilizando certezas
Escrito por Jacqueline Oliveira Lima - Qua, 10 de Novembro de 2004 21:00
http://www.gestaouniversitaria.com.br/edicoes/36-38/173-desestabilizando-certezas.html

quinta-feira, 24 de junho de 2010


Estar indiferente é abandonar toda tentativa de interferir nas coisas, de mudar; o que acaba tornando a violência, a corrupção, o desrespeito, um hábito. [...] O que choca, hoje, no Brasil, não é tanto a quantidade de crimes e escândalos políticos que vemos todos os dias nos jornais, mas a absoluta indiferença com que reagimos a tudo isso. Talvez este seja um sinal de um desejo de destruir o que não temos coragem de transformar
VIVIANE MOSÉ, Ser ou não ser: ética X indiferença. Rede Globo: Fantástico, 29 de outubro de 2006.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Política como espaço de fala e ação na luta contra a banalidade do mal





Entendemos banalidade do mal como indiferença a acontecimentos que ferem a condição humana. Considerar normal crimes contra a pessoa humana, seja na sua individualidade ou coletividade é banalizar os direitos da pessoa humana de sua condição social ou política.


No livro Eichmann em Jerusalém, Hannah Arendt expressa a sua indignação frente aos procedimentos dados no julgamento de Adolf Eichmann pelos crimes de guerra cometidos contra aos judeus na 2ª guerra mundial. O desenrolar dos fatos mostra que o monstro perverso, nada mais é do que um homem comum, servidor público, cumpridor dos seus deveres, alienado moralmente das conseqüências dos seus atos, um “Maria-vai-com-as-outras”, uma “folha-de-bananeira” como o senso comum costuma convencionar.
Ficou a dúvida de que o enforcamento do réu foi de fato justo frente aos erros cometidos, tendo em vista a falta de consciência no cumprimento de suas tarefas e do mau uso da teoria de Kant.

Era este homem convicto do sistema imposto de então? Conhecia os pressupostos do Programa de Governo do qual fazia parte? Era um inimigo do povo judeu e agia de acordo com o pensamento de que esse povo pertencia ao submundo, era uma subclasse a ser isolada, maltratada, exterminada?

Hannah, na sua cuidadosa observação ao tratamento dado ao réu, constatou que naquele momento, alguns judeus, e não o povo judeu, se vingavam, na figura de um homem, repugnantemente insignificante, toda a dor sofrida por eles, e de certa forma cavada, em anos de luta por um espaço na polis. Questiona até mesmo se o enforcamento foi pior do que a vida que Eichmann levava na Argentina.

Não foi provado que Eichmann tenha se envolvido diretamente na morte de um judeu. No entanto, com o acerto final, conseguiu a notoriedade e reconhecimento que buscou ao longo de toda a vida.

Até que ponto cumprir nossos deveres implica num atentado contra a condição humana? Ate que ponto o nosso agir, ou não agir, está envolvido mesmo que indiretamente na banalização do mal?

Diariamente temos na mídia notícias do péssimo atendimento dispensado à população nos hospitais públicos. Em maio do presente ano, foi publicada mais uma notícia sobre uma mulher que morreu na sala de espera de um hospital por falta de atendimento. O caso aconteceu no município Santo Antônio de Jesus, a 187 quilômetros de Salvador, no Hospital Regional. Segundo a notícia publicada:Todos os funcionários presenciaram a agonia da vítima, mas ninguém tomou qualquer providência para o seu atendimento. Desesperada, ela tentou invadir o hospital em busca de socorro, mas os seguranças, usando de violência, a impediram.
(http://www.pmdbbahia.com.br/site/?p=15855)

Notícias como essa, invadem os jornais, a mídia de maneira geral. Não causam mais espanto, são comuns. Por serem comuns, são banalizadas.

A população de maneira geral, ainda se emociona e discorre por horas sobre o último jogo do seu time de futebol preferido. Final de campeonato brasileiro pára uma cidade. A copa do mundo pára o mundo.

Atentar contra a condição humana não mais causa espanto.

Para a autora, a liberdade é a condição humana essencial. Somos livres na presença de outros na mesma condição. Não existe liberdade na presença de um não-livre, assim, os regimes totalitários, da violência, jamais poderiam permaner, pois essa não seria uma escolha, mas uma imposição. Liberdade para pensar, apaixonadamente, nas coisas dessa vida, e poder livremente expressar, mesmo que não a favor de um sistema, de uma idéia, de uma condição.

A política assim cumpre o seu papel, na medida em que convence sobre o que acha certo ou errado, prioritário ou irrelevante. Convence pela cultura do pensamento e da palavra livre, que por respeito à condição humana não fere, mas enobrece.

ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.